As pessoas gostam disso? E, antes de saber sobre isso, como é que se percebem as relações com empresas, com marcas, com líderes?
Um bom começo é entendendo o sentido de Páthos, que em grego é a palavra que significa tudo aquilo que afeta o corpo ou a alma; são as emoções, as condições e as sensações que se experimenta. Confira como os prefixos mudam completamente o sentido deste poderoso verbete e identifique a postura — simpática, antipática, apática, empática ou telepática — que mais combina com as empresas com as quais você se relaciona (trabalhando, consumindo, recomendando).
Empresas simpáticas
Integrando-se o prefixo “syn” (com), forma-se a sympatheia, a conhecida simpatia, que significa uma relação de afinidade por proximidade de pensamentos e sentimentos; uma atração por alguma coisa, ideia, causa, pessoa. Também significa a disposição de gentileza para atender às solicitações de alguém de forma agradável e amistosa.
Empresas simpáticas procuram encantar pela aproximação, especialmente em iniciativas de relacionamento gentis e receptivas, dispostas a ouvir o que as pessoas desejam.
Empresas antipáticas
O oposto da sympatheia é antipatheia, em português: antipatia, formada com o prefixo “anti” (contra). O que impera é a falta de afinidade; a incompatibilidade. Isso geram um sentimento instintivo que afasta, em forma de repulsão e aversão, proporcionando relações e experiências desagradáveis que se procura evitar.
Empresas antipáticas costumam ser arrogantes; criam uma imagem de superioridade, se posicionam acima do bem e do mal e, muitas vezes, são hostis com as pessoas.
Empresas apáticas
Ignorando as emoções e acrescentando um “a” (negação), temos apáthos, a apatia. Este é um estado de impassibilidade e insensibilidade, de desinteresse geral. Aqui falta ânimo, desejo e energia, falta atividade. Sim, há indiferença e desprezo nas relações, com reações neutras ou mesmo ausência de reações frente a qualquer estímulo.
Nenhuma empresa encanta ninguém com condutas apáticas, que são resultantes de posturas e pensamentos apáticos também. Aqui, a empresa não está nada preocupada com as pessoas.
Às vezes, tão desagradáveis quanto as empresas apáticas são as simpáticas-mecânicas, que se relacionam repetindo um script (roteiro) de efeito robotizado, nos moldes do que as empresas de atendimento virtual utilizam para atender em escala em sistemas automatizados. Ninguém gosta. É muito impessoal. Assim como ninguém gosta das falsas-simpáticas, que querem adular as pessoas, se fazem de boazinhas e próximas mas só estão agindo por interesse, esperando alguém cair na armadilha de elogios e gentilezas para vender qualquer coisa a qualquer preço.
Empresas empáticas
Palavra bastante em voga, a empatia surge com o acréscimo do prefixo “en” (integrado): empatheia. Estágio mais avançado da simpatia, promove a capacidade de se imaginar no lugar de outra pessoa, participando ativa e afetivamente daquilo que o outro sente. Pressupõe identificação e compreensão de sentimentos, desejos e ideias pelo envolvimento emocional que propõe, despertando a confiança mesmo por meio de padrões não verbais de comunicação.
Empresas empáticas surpreendem pois estão atentas para ver e ouvir, e abertas para responder, mudar, melhorar, aprimorar, transformar; por isso encantam as pessoas.
Empresas telepáticas
Olhando para o futuro e acrescentando o prefixo “tele” (a distância), temos telepatheia: isso mesmo: telepatia. Mais que uma transmissão direta de mensagens, pensamentos, emoções e estados subjetivos sem o uso dos canais sensoriais naturais, acontece uma antevisão ou uma previsão de eventos distantes e futuros, usando o melhor da tecnologia e o melhor das habilidades perceptivas humanas.
Empresas telepáticas ultrapassam as expectativas: nem bem as pessoas formularam um desejo ou necessidade, já há soluções endereçadas para não apenas resolver pontualmente, mas para gerar um relacionamento humano sem precedentes.
Proximidade, credibilidade, atenção, dedicação
Em resumo, a apatia nem sabe que tem uma porta para abrir; a antipatia fecha a porta na cara das pessoas; a simpatia abre portas, a empatia mantém as portas abertas e a telepatia percebe que as relações serão bem melhores em um mundo sem portas.
Em tempos de pensamento generoso e visão de equilíbrio nas relações humanas, com tantas soluções holísticas para as pessoas se entenderem melhor consigo mesmas e com o mundo, não existe nada mais ultrapassado que algumas condutas tóxicas que são altamente nocivas para a criação de um ambiente saudável para a geração de bons vínculos e, ora pois, de bons negócios.
Há muitas personalidades, celebridades, empresas, líderes, consultores, coachs… que vendem, “da boca para fora”, “soluções para um mundo melhor”, mas que possuem condutas totalmente desprezíveis — o que fazem não vale o que falam. E, quanto mais promovem essas atitudes, muitas vezes multiplicadas pela mídia e pelas redes sociais, mais desencanto geram, fazendo com que as pessoas fiquem desanimadas, desalentadas, desiludidas e até desesperadas.
Olhar para isso tudo e perceber que quem pode fazer alguma diferença somos nós mesmos foi o meu estímulo para estudar onde a mágica acontece e ‘cria’ soluções positivas e produtivas nas nossas interações pessoais, com amigos, família e no mundo dos negócios.
Para fugir do “acho que”, tenho estudado muito sobre o assunto: escrevi dois livros sobre Gestão de Encantamento, ministro cursos, palestras, treinamentos sobre o tema e criei uma Metodologia, a Matriz da Excelência Gestão de Encantamento, para nortear as empresas na identificação, organização e implementação de sua “identidade encantadora”, que faça parte da sua personalidade e que seja consistente para que sistemas antipáticos e apáticos possam ser evitados, e os simpáticos, empáticos e telepáticos possam ser estabelecidos. Faltava uma pesquisa em larga escala para testar hipóteses e trazer mais que respostas, fatos e constatações.
Ela foi realizada e se chama “Empresas Encantadoras: quem são e por quais motivos encantam”. Vale acessar, conhecer e se surpreender.