Momentos como o que estamos a viver servem para parar e pensar. E, depois disso, agir.
Como estamos a actuar no mercado? Com quem? Para quem? Por qual motivo? Qual o preço disso tudo? Isso tudo faz sentido? É nesse sentido que devemos prosseguir?
Foi pensando exactamente no sentido das coisas e em caminhos a trilhar que preparei quatro reflexões para quem quer rever o que está oferecendo para o mundo e questionar o que está recebendo em troca. Como fio condutor usarei minha experiência com um conceito milenar e paradoxalmente contemporâneo: a Economia das Trocas, das Dádivas ou, no original, Gift Economy, que mudou a minha visão de mundo e de fazer negócios e que pode trazer alguma inspiração aos que querem remodelar sua forma de fazer negócios e actuar no mercado.
1) Faça as perguntas certas e preste atenção às respostas
“Quem não sabe o que procura não percebe quando encontra.”
Você já pensou que muitas vezes não encontra respostas para as suas inquietações e incertezas por não ter feito as perguntas certas? Outras vezes, por ansiedade, desperdiçou oportunidades incríveis por não prestar atenção às respostas?
— No meu caso, desde muito antes da estruturação do conceito Gifting, oficialmente lançado em um workshop que ministrei no Festival de Cannes (Julho, 2008) e consolidado no livro Gifting (2009, relançado em 2018), a ideia de um estudo que trouxesse o sentido amplificado de “economia das dádivas” sempre me intrigou.
Afinal… Como as trocas são efectivadas? O que de mágico existe em um modelo quase automático de “dar-receber-retribuir” que funciona desde os primórdios das socialidades humanas, nas sociedades arcaicas, e ainda se mantém hoje como um modelo de mapear trocas de objectos e sensações na humanidade? Qual é o poder dessas trocas, a ponto de gerarem poderosos vínculos entre pessoas, objectos e entidades? Como localizar a alma, o dom e a dádiva de um negócio e deixá-los transparecer, na medida certa, para dentro e para fora de uma corporação?
Meu viés está ligado às marcas. Como podem, considerando o montante de recursos que mobilizam para estabelecer contacto com seus públicos de interesse, realizar negócios de forma revigorada, inteligente e sustentável? Como podem beneficiar desse processo para criar relações mais interessantes, memoráveis e consistentes com seus públicos de relacionamento (stakeholders)? E mais: existem novos modelos que podem movimentar a economia com valores humanos e humanitários, e não apenas monetários? Por fim, me perguntei: “É isso que quero estudar e aplicar?”
A resposta: “sim”.
2) Mapeie o mercado e defina prioridades para começar bem
“Um caminho de muitos quilómetros começa com um primeiro passo.”
Muitas pessoas estão preocupadas em terminar bem, quando na verdade o primeiro e mais importante passo é começar bem. Para sair da estaca zero, o que você precisa fazer? Isso é viável? Qual a energia necessária para isso?
— Para começo de conversa, e antes de sair fazendo, fui a campo de forma estruturada. Tudo o que observei, registei e fiz anotações numa folha de cálculo que até hoje me ajuda quando busco referências.
O processo foi assim: primeiro, conversei com pensadores das mais diversas áreas: economistas, sociólogos, antropólogos, cientistas sociais, profissionais de mercado… para entender o nível de conhecimento e aplicação do conceito de Gift Economy na prática. Depois, participei em eventos, congressos, fóruns, palestras e circuitos de startups… para captar o quão familiar era este conceito no mundo dos negócios. Em paralelo, li muito: dos tratados clássicos comportamentais aos modelos contemporâneos de gestão de negócios sustentáveis, eficientes e criativos… para ter riqueza de pontos de vista e fundamento científico nas minhas argumentações e proposições.
Assim, vi que não estava sozinha nesse processo: havia inúmeras associações, organizações, instituições, institutos e publicações já estudando, aplicando e avaliando esse modelo mesmo sem dar o nome de Gift Economy, como no circuito das startups, onde mentores e empreendedores, sem receber dinheiro por isso, investem seu tempo e seu talento assessorando empreendedores em novas soluções para o mercado.
Traduzindo: comecei pelo começo. Isto é, entendendo os fundamentos, mapeando o mercado, validando a utilidade deste conceito. E isso foi fundamental para as decisões sobre os próximos passos.
3) Transforme as ideias em projectos concretos e experimente
“A sorte favorece a mente bem preparada.”
Parar no mundo das ideias é a coisa mais comum que existe. As pessoas pensam, pensam, pensam, mas na hora de colocar em prática encontram inúmeros empecilhos para não testar e experimentar, talvez com medo de falhar.
— Durante as etapas de investigação e de ordenação do pensamento, uma constatação foi relevante para os “próximos passos”: acompanhei vários discursos de marcas para ver onde a oferta se choca com a entrega; não basta comprar espaço de imprensa para publicar nos media que faz campanhas milionárias e bem produzidas, com as mais badaladas agências de comunicação; isso já não engana ninguém. A sensação era a de uma demanda mundial por um novo formato nas relações de troca, comerciais ou não, trazendo à tona determinados valores que, com o poder da monetização e da plastificação das relações, estavam esquecidos.
Por isso defini duas vertentes: um estudo académico que pudesse trazer uma visão ampla e actualizada desta inspiradora forma de fazer negócios e uma metodologia que pudesse exemplificar como isso tudo pode ser colocado em prática.
De forma concreta: escrevi o livro Economia das Dádivas, lançado em 2016 (com 440 páginas), e que se transformou em palestras, vídeos, aulas… E criei as metodologias corporativas para autoconhecimento e estudos de percepção Dádivas de Marca®, Gifting & Rituals Map®, Sistema das Relações de Troca®, Índice de Consistência Perceptiva e Matriz da Excelência Gestão de Encantamento, implementadas para marcas e líderes de diversos segmentos (do agro-negócio ao mundo dos cripto activos) com resultados transformadores.
4) Encontre propósito: tem que fazer sentido para você avançar
“Os vencedores sempre fazem mais, muito mais que o suficiente.”
Financeiramente tudo está perfeito: você já analisou as folhas de cálculo, os gráficos, as projecções e a perspectiva é boa. Mas, emocionalmente, como você está preparado para lidar com isso tudo? Valerá o investimento de dinheiro, tempo e energia?
— Sempre existe uma motivação maior que traz garra para investir e avançar. De meu lado, tive a certeza quando me consciencializei sobre alguns conceitos amplamente utilizados no mercado como responsabilidade social corporativa, capitalismo consciente, economia colaborativa… belamente ilustrados nos portais e nas portas das empresas, mas que muitas vezes são apenas discursos para gerar histórias tocantes e reais assim como fabulares e ficcionais.
Uma auto-enganação, sabe? No meio de tantas verdades desvendadas, o que me move na “economia das trocas” é seu papel estratégico revigorando negócios e formatando uma “nova economia”. Os cartesianos podem chamar de uma volta à troca directa, de um futuro do pretérito. Mas acredito num formato revigorado e carregado de expectativas de um modelo mais saudável e harmonioso para a sobrevivência da humanidade nas inter-relações e interdependências que o mundo propõe no momento.
Concluindo: repensei minha actuação, meu repertório e meus processos. É essa a troca que eu proponho na economia das trocas. Em troca, peço que você reflicta e, se tiver possibilidade, faça alguma coisa. Não é por mim e nem por você. É por todos nós que vivemos uma economia de mercado que merece ser revigorada urgentemente para continuar viva.
A Supermercado Moderno começou a ter crise de identidade. Solicitamos trabalho de reposicionamento de marca, e a Umbigo fez um estudo profundo com as comunidades que nós servimos e formamos. Excelente, e o resultado foi uma transformação, um reposicionamento superimportante que culminou na troca da marca para SA Varejo, que tem um posicionamento muito diferente hoje, muito claro. O trabalho da Umbigo foi fundamental.
Sérgio Alvim,
CEO Grupo Cinva
Fiquei feliz por ter recapitulado o ano de 2009, primeira vez que tive contato com a Umbigo do Mundo. Na época eu trabalhava com promoção, patrocínio e publicidade no segmento Estilo do Banco do Brasil e precisávamos posicionar a marca como alta renda. A Umbigo foi fundamental para as ativações que fizemos com este público em projetos como SPFW, lançamento do cartão Ourocard bandeira AMEX, dentre outras ações. Inclusive com o público varejo, quando fui para o Centro Cultural Banco do Brasil e tínhamos que falar de cultura, arte, cinema, música com um público mais amplo. A Umbigo sempre esteve do nosso lado: trazendo soluções inovadoras, contemporâneas e com narrativas que não só entregavam a própria ação como davam um sentido para as pessoas participarem. Tanto com o gifting como com as jornadas. Vou dizer algo: a Umbigo do Mundo já falava disso muito antes de se falar em transformação digital e experiência do cliente ou do usuário. Sempre se preocupou com isso, que fez todo o encantamento de todas as ações que fizemos juntos.
Tadeu Figueiró,
Superintendência comercial e marketing da BB SEGUROS
Somos uma empresa do ramo do agronegócio situada no Campo Novo do Parecis, no Estado do Mato Grosso. Trabalhar com a Umbigo do Mundo abriu a nossa mente para novos horizontes. Nós saímos fora da caixa e expandimos as perspectivas em relação ao mercado e ao mundo em que estamos inseridos. Percebemos que o negócio tem o seu brilho, seu ponto positivo. Só falta que esta pedra preciosa seja polida para que isso fique em evidência e para que a gente possa encantar as pessoas que nos rodeiam. A metodologia de Dádivas de Marca ajuda a empresa no autoconhecimento e faz com que possamos nos enxergar pelos olhos de nossos stakeholders e, a partir daí, possamos traçar nossas estratégias. Isso é importante pois às vezes os outros enxergam detalhes que não vemos. Isso nos ajuda a melhorar como um todo o nosso negócio. Não é fácil; exige análise bastante profunda e nesse momento você não fala de coisas tangíveis, materiais, números. Fala de cultura, percepção, sentimento… não que valores financeiros não façam parte da estratégia, mas as percepções coletadas com Dádivas de Marca transcendem tudo isso. No fundo é algo que sempre este ali em nosso negócio, mas que a partir de agora passamos a visualizar de outra forma. A partir do momento que todo este trabalho veio para uma só unidade e criamos a nossa Dádiva de Marca, melhoramos nosso envolvimento com nossa equipe, fortalecemos as nossas dádivas, que é exatamente o que vai nos diferenciar no mercado.
Dulce Chiamulera Ciochetta,
sócia-proprietária do Grupo Morena