O mercado adora profetizar o amanhã para antecipar a venda de cores, essências e tendências que estarão nos top hits e nos best sellers da próxima temporada. Volatilidade e instabilidade são regras em uma liberdade de estilo que vai do hi aolow, do retrô ao avant gard, do in e do out em segundos: de um link a outro. O consumidor, flaneur voraz absorvendo incessante e vorazmente ideias e sensações, espera ser surpreendido no próximo corner com algo inédito: alguma combinação que ainda não tenha sido feita na panaceia de ofertas que a überestrutura do consumo oferece.
Aos desavisados, foi-se o longo império do lifestyle, que constroi vínculos entre marcas e pessoas considerando categorizações estereotipadas de estilos de vida. A partir de agora reinará por tempo indeterminado o mindstyle, fluido e imaterial como o ritmo dos pensamentos e desejos de uma sociedade em permanente mutação, conexão e ressignificação. Até então frenesi, as sinestesias físicas passam a interagir com as virtualidades, inaugurando muitas pontes: entre o real e o imaginário, entre o passado-presente-futuro, entre as vontades existentes e as que podem vir a existir. O que era frequência e tráfego visíveis se transforma em um fluxo invisível de energias carregadas de expectativas que precisam ser capturadas para que sejam convertidas em negócios.
Falando em negócios, para faturar na era em que tudo pode ser comprado ou trocado via e-commerce não adianta apenas desconto, promoção e fidelização. Que tal oferecer às pessoas oportunidades humanitárias, que toquem seus corações e inspirem suas almas trazendo-as de volta aos seus próprios centros? Isso sim seria memorável, compartilhável, relevante, engrandecedor, respeitoso — novos valores para uma nova era de consumo. Do futuro ninguém sabe. Mas uma coisa é certa: quem quer ficar na moda por muito tempo precisa adotar estemindstyle.